sábado, 23 de dezembro de 2017

Quando o verde morre....

A nossa floresta está a morrer!!!!


É triste acordar e perceber que, mais uma vez, a nossa floresta arde e desta vez leva muitas vidas humanas com ela!
Choramos e ficamos chocados com aquilo que vemos a cada ano que passa, mas quando chega a hora de na calmia do inverno, se parar e pensar o que queremos para a nossa floresta, para o nosso país? Nada se faz de relevo e o prometido reordenamento florestal e o cadastro dos terrenos, vai estando na boca do povo, mas deles, pouco se sabe e muito se desconfia! Os lobbys da celulose esses sim trabalham bem e conseguem a cada dia, convencer proprietários a desistir dos terrenos pouco rentáveis e trocar as suas culturas, por árvores mais rentáveis, mas que se vão tornando a pouco e pouco, as únicas espécies existentes em muitas freguesias, concelhos e áreas a perder de vista.... Porquê? Se eu fosse proprietário e me obrigassem a manter a minha mata limpa, e eu não conseguisse tirar proveito nenhum dela, mas tivesse, todos os anos uma despesa na sua limpeza, talvez pensasse em ceder a essa fileira e tornar-me eu também uma das pessoas que eu tanto condeno! Pondo-me na pele de quem tem que gerir os seus ativos, posso descobrir que nos dias que correm, se torna apetecível trocar para o outro lado! Para quando um verdadeiro estudo de viabilidade de outras culturas, um apoio á plantação de espécies autóctones, um plano de aproveitamento alargado da biomassa das limpezas, como meio de reduzir a fatura da limpeza da mata, do aproveitamento económico da bolota, da pinha, ou mesmo uma exigência de plantação de uma percentagem dessas espécies autóctones a cada replantação de espécies como o Eucalipto ou Pinheiro Bravo, como forma de criar áreas de reprodução para espécies vegetais e animais, tão ameaçadas por toda esta febre verde das monoculturas que se revela negra num curto espaço de tempo... Tanto para a flora rasteira, que, para todos aqueles que caminham por entre elas, sabem que não existe nos eucaliptais, como para os animais, que não encontram nelas refúgio ou alimentação como o fazem nos bosques de folhosas e algumas resinosas localizadas e controladas do nosso território. Que bom é poder caminhar entre as sombras e frescura de um carvalhal, onde se ouvem os pássaros e se vêem os insetos sob a manta morta, onde se escondem genetas, martas e raposas, onde os mochos e corujas se abrigam nos seus troncos centenários... mas qual o proveito que tira delas o seu proprietário? E como respondo eu a isso? E qual o papel do estado na preservação destes espaços? E da sociedade civil? Um radical diria que se cada um de nós usasse menos 20 kg de papel por ano, talvez se reduzisse a fome das industrias de celulose! E como fariamos isso? Resolveria tudo? Talvez não, mas ajudaria, se fosse um "cancro verde" que cresce a cada palavra passada. Se eu conseguir, também hei de levar meus amigos e conhecidos a passear pelos belos bosques de folhosas e pelas feias e despidas plantações de eucalipto em dias de calor para lhes mostrar e fazer sentir, aquilo que só ouvem falar ou só lêem em artigos de opinião, mas que nunca experimentaram. Talvez seja essa a minha missão! Mostrar os dois lados e ao mesmo tempo conhecer e falar com os pequenos proprietários para perceber o que os atormenta e o que eles pensam que os poderia ajudar! PS: É bom ver que existem projetos como o das 100.000 árvores plantadas, mas é estranho que tão pouco se fale dos resultados que elas tem tido e do desleixo que existe após a plantação, levando ao desaparecimento e morte de tantas plantas que um dia nasceram, (mal cresceram), foram plantadas, quase nunca regadas nos seus primeiros dias de nova vida, e deixadas á sua sorte sem ajudas para sobreviver! O projeto deveria ser "Vamos plantar e acompanhar" e não apenas plantar e esquecer, como que uma atividade para limpar a alma e mãos das nossas pegadas ecológicas, dizendo orgulhosamente "Plantei árvores" e esquecendo que amar a floresta, não é apenas dar lhe mais elementos, mas preservá-los e ajudando-os a crescer, como o fazemos com os nossos animais, amigos e familiares. O AMOR não é um acto isolado, mas uma manifestação contínua e preserverante! Tenho dito.... Joao Fernandes

De Lomba de Arões á Porqueira! (Onde a terra reclama o que outrora fora seu.)



O nome parece saído de um livro de cantigas de escârnio e maldizer, quem se terá lembrado de lhe dar tal nome? Por algum motivo foi certamente... Mas onde é este misterioso lugar?


Soubera que a visita a Lomba de Arões só estaria completa, se eu ficasse a conhecer um aglomerado de casas, qual cordão umbilical que liga a aldeia do alto ao bem precioso que é a água e a tudo quanto ela era capaz de oferecer e transformar. Porqueira... é o nome dado ao pequeno conjunto de casas que foram construidas junto ao ribeiro, no sopé do monte que sustenta a aldeia da Lomba, mas que pelo facto de estar junto da água, seria por certo de enorme importância para o equilíbrio deste povoado.

É a água que nos sacia a sede, assim como a das culturas que estão espalhadas pelo corpo da serra, mas é também ela, com a sua força, que faz mover a mó que há de moer o milho, fazendo a farinha que há de alimentar este povo que tanto trabalha. As casas são pequenas e distam apenas alguns metros do curso de água, estando assim livres das correntes mais fortes do inverno, quando o ribeiro se transforma numa força viva que faz rodar essa pedra mágica que é a mó dos moinhos. A beleza deste pequeno lugar perdido no tempo e na imensidão da serra está a perder a batalha da sobrevivência. Se a água não a derrotou ao longo dos tempos, foi o fogo que lhe levou os telhados e com isso os últimos resistentes que teimavam em lá ficar. Mas as paredes ainda lá estão e vão guardando muitas histórias que a passos largos parecem estar a ser engolidas por outra força da natureza... As plantas que um dia foram cortadas e as terras que foram remexidas para se construirem as casas, vão hoje, qual rio verde, tomando de novo o que antes fora seu. O acesso á última das surpresas desta terra está quase vedado pelas ervas que vão fechando as portas a uma cascata com uns belos 20 a 25 metros de altura, encaixada entre pedras e passando despercebida  ao mais incauto caminheiro que por aqui venha conhecer as ruínas deste povoado.


Lomba de Arões... uma aldeia com muralhas de ouro...

Ainda me lembro do dia em que em plena feira de artesanato de Vila do Conde, quase escondida no fundo de uma parede de uma entre muitas barraquinhas de artesãos, vi esta foto retratando uma aldeia que me fez parar e dirigir-me á artesã que ali estava, perguntando qual e onde era aquela aldeia. lomba de Arões era o seu nome e por isso, há que partir á descoberta. Na melhor das companhias (porque tudo é bem melhor quando é partilhado) lá fomos em busca de mais uma aventura. Partindo em direção a Vale de Cambra, tomamos em seguida o sentido de São Pedro do Sul, para, no alto da serra, encontrar em Chão de Carvalhos, a entrada para a estrada que nos haveria de levar ao nosso destino. A estrada serpenteou toda a encosta numa cota elevada e quando nos pareceu querer começar a descer, eis que vislumbramos as primeiras habitações da aldeia. Após estacionar junto a um placard informativo, preparamo-nos para iniciar a nossa caminhada. Descendo por uma pequena viela, vimo-nos rodeados da ruralidade e da calmia de um povoado que vive a um ritmo tão diferente do nosso, onde tudo parece andar ao sabor dos rebanhos de cabras que a povoam e das jornadas de labuta nos campos, que aqui se penduram encosta abaixo, em socalcos bem aproveitados, transformando a íngreme elevação que sustenta a aldeia, num belo e engenhoso trabalho dos homens, que ao longo dos tempos, domaram o terreno, fazendo com que o até então solo selvagem e pouco propício ás atividades agrícolas, se tornasse num belo conjunto de parcelas aráveis, onde o verde escuro das árvores, gestas e urzes, se faz aqui substituir pelo verde claro do milho e das videiras e o amarelo dos girassóis e espigas de milho, que por estas terras, são o ouro do seu povo. Ainda antes de nos embrenharmos nesses campos, fomos levados a conhecer o alto dessa pequena elevação, que alberga um conjunto de edifícios de xisto e a alva e imaculada capela, rodeados por uma "muralha" de espigueiros, que ali foram construídos, para aproveitar cada raio de sol, aquecendo e secando o seu precioso conteúdo e ao invés dos tradicionais castelos, onde o tesouro era guardado no mais interior, forte e escuro dos edifícios, aqui, ele está ás vistas de todos, nessas  estruturas de "filigrana" granítica, frágeis na aparência, mas robustas na sua constituição.
Este é o centro nevrálgico da aldeia, pois é nela que se encontra a capela onde cada novo membro nascido do povoado era anunciado com o rebate dos sinos e onde era mais tarde acolhido e apresentado a todos no dia do seu batizado. Ali está também a eira onde os frutos do trabalho eram expostos e onde as desfolhadas e malhadas juntavam e aproximavam os seus habitantes em horas de trabalho, mas ao mesmo tempo convívio prazeroso, animado pelas cantigas e danças, em que todos participavam e das quais guardam ainda hoje belas recordações. É também aqui que se encontra o seu "banco", esses espigueiros que guardam o seu sustento e bem mais precioso que é o milho. E é também aqui que, envolto em grades de ferro e guardado por um velho e pesado portão se encontra o local onde tudo se acaba... tudo chega ao seu fim.
Tudo isto existe em outros povoados bem sei, mas nunca sentira num tão reduzido espaço, esse estranho mas natural convívio entre todas estas fases da nossa vida, parecendo, a quem espreita ao largo, que as habitações distantes de apenas algumas dezenas de metros desta praça viva e sobranceira a ela, são uma parte passiva desta aldeia, como que ali construídas propositadamente por forma a que os seus idosos, mesmo que incapazes de participar nessas vivências diárias, pudessem no entanto, á janela de suas casas, continuar a observar o "sangue" correr nessa "azáfama bucólica" de uma típica aldeia serrana!

João Fernandes

O meu mundo...





Forte... 
Profundo... 
Relativizante... 


Todo o mundo, visto a meus olhos é "o mundo que eu pinto", com cores mais ou menos claras, mais ou menos alegres, com imagens apaziguantes ou cenários mais tenebrosos, com projeções materializadas de sonhos ou com o simples risco do horizonte separando o visível do invisível numa ténue linha que está tão longe e ao mesmo tempo tão perto de ser alcançada e transposta... mas cada desenho pintado, não deixa de ser a minha escolha na forma como olho para ele, como o quero observar, como quero acreditar, como ouso sonhar... 

Já ousaram olhar para dentro e perguntar: 

É belo o meu desenho??? 

Como vejo eu o meu mundo?? 

Até onde vai o meu sonho? 

Serei eu Homem ou Mulher o suficiente, para dirigir a minha paleta de cores para uma imagem onde o escuro existe, onde as pedras no caminho são muitas, onde a desolação convive com os sorrisos de seres que nascem sem terem ainda decidido como querem elas pintar o mundo! onde o olhar parado de alguns denuncia a sua desistência e o deixar cair dos seus pinceis, onde cada lugar na minha tela se revela como aquilo que vejo, que sinto, que gostava de melhorar...

De que estamos á espera???

Podemos ser um só, mas cada pincelada dada por cada um de nós, é vista e revista por um sem número de seres que vivem em permanente contacto connosco e que esperam ver retratado em cada um, paredes fortes que lhes possam dar abrigo, faróis que os guiem nos dias mais tenebrosos, sombras que os protejam nos dias de fadiga, braços que se abram quando os vêem chegar, sorrisos que estão ali para os encorajar, uma mão... uma mão que os guia sem os deixar desistir de pintar.......... 

O mundo é feito a cada dia que passa e cada um de nós é responsável por uma parte significativa dele! Já deixaste a tua marca positiva nele hoje? Já desenhaste o sol para alguém poder encontrar o seu caminho e sair da escuridão?

Tu és alguém...
Eu sou alguém...
Todos juntos, somos algo mais neste planeta...
E podemos ser a diferença para tantos que ainda mal começaram a pintar o seu... nosso mundo...

Tenho dito...
João Fernandes 

Tu! Sim tu!...

Começa algo... Começa algo que saibas poder continuar! A história guarda os feitos e tende a esquecer os projetos que só viram a luz nasc...